
O amor é inefável.
Os crisântemos são eternos por causa do amor.
A gente sua estrelas quando ama.
Isto não é sexo, mas poesia.
Isto não é poesia, é registro de maravilha.
Amar é adoração, divindade, êxtase.
Ficamos tão estúpidos quando amamos,
que nem percebemos.
Eu quero tocar os guizos da alegria.
O amor é um banquete. É um sino dentro dos olhos.
O amor quebra vidraças. Estamos moendo estrelas.
O amor é alto. Conhecemos o amor como diamante.
A Via-Láctea chove sobre nós. Pisamos as brasas do amor.
Limões explodem. Somos verdes com o sumo por toda a pele.
Laranjas e estrelas dançam no alto. Poalha levíssima chove sobre nós.
A mão do pilão socando até o êxtase. A mão do pilão como o coito.
Coito, essa palavra bonita. Os teus lábios são bonitos. Vermelhos.
Colho mel entre as tuas pernas com os marimbondos vermelhos.
O nome de Deus é o verbo, o nome do amor é um corpo.
Nomeio o meu cavalo como nomeio o amor: corpo.
Amor natural como o êxtase
do corpo no corpo.
O amor inventa
a morte.
O universo se ajoelha
diante do amor.
Não existe nada antes do amor.
Nem depois.
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À maneira de Manuel Bandeira, que fez o poema "Antologia" com seus versos mais significativos, fiz este poema-antologia com versos do livro "Poemas
de amor", Joarte Editora, Bauru, SP, 1999. Li-o em público algumas vezes, por ocasião do lançamento do livro; agora, lembrei-me de que não o mostrara para ser lido.
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