sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Bichos





Bichos

O peru estica o pescoço e solta,
Do fundo das entranhas, o grito.
Os porcos, fuçando a lama, grunhem.
O burro pasta preguiçosamente.

O chupim se equilibra
Sobre o dorso do velho cavalo.
A garça sobrevoa as vacas
E os jumentos à beira do riacho.

As galinhas, displicentes, ciscam o chão.
A pata nada com seus patinhos.
A cadela corre e mergulha na água.
O joão-de-barro remexe a lama.

Os bezerros presos mugem.
E o carneirinho, sacudindo desesperado
As tetas da mãe, mama que mama,
Como se viver fosse apenas mamar.

__________

10 comentários:

Ester disse...

Olá meu amigo!

Fico sempre muito feliz com suas visitas em meu canto!

Que delícia de imagens temos aqui, fotografas também com palavras e isto só consegue quem tem lentes sensiveis como as tuas no coração,

quanto ao teu comentário, tenho consciência de que olhar para trás não é a melhor forma de levar a vida para frente, mas de vez enquando é bom lembrar do que é bom e ficou lá atrás..

Abraços ternos e poéticos!

Unknown disse...

José Carlos!

Esses bichos que amamos, t~eo amados por você, alguns como o abutre e algumas aves em extinção, pela caça, que o ser humano teima em continuar.

O carneirinho, (quisera ainda ser assim) Pensa que a vida é mamar. É lindo isto. Sua função natural de se nutrir para crescer forte.

Muito linda esta postagem!

Beijos

Mirze

Anônimo disse...

Zé!

sou da capital, mas sempre que posso fujo pra cá...

grande abraço!

Anônimo disse...

José,
deu até para sentir o cheirinho da terra.
Bjs.

Eleonora Marino Duarte disse...

poeta brandão,

um belo passeio sensitivo pelos campos...


sua poesia é um lugar inteiro!

beijo.

Marcantonio disse...

Brandão, pensei em algo semelhante ao que disse o Fouad. Pois esse poema remete a algo que acontece fora dele, uma experiência concreta que não posso compartilhar, e, no entanto, me deixa nostálgico que só. Como é possível?

Abraço.

Anônimo disse...

Imagens cada vez mais raras na correria do dia a dia que vc recria com propriedade!

Abraços!

Luiza Maciel Nogueira disse...

Peru! e a grande mãe com seu leite na medida certa! ;)

bjs

Gerana Damulakis disse...

Cada um é cada um: adorei todos eles nesse encantador poema.

Unknown disse...

gostei!