quarta-feira, 30 de maio de 2012

CANTO DE CISNE




     CANTO DE CISNE

1
Como um cisne, canto para morrer. Quanto escrevi, quanto falei é nada. O meu canto apodrece os jardins. Canto grave, com entonação esconsa.
Não fui o guardião da beleza. As rosas incendiaram-se. Deitei ao mar o meu trabalho. As coisas fulguram um instante, sublime, porque último. O sol ruirá com estrondo ensurdecedor.
Ninguém ouve o sol. Ninguém ouvirá mais nada.
O mar continuará o seu trabalho. Polir, esculpir conchas e pedras in eternum. Eu abandono as minhas pérolas. Abandono o meu cinzel.
Os meus olhos luzem no escuro. Estou falando da solidão. O universo fulgura, só. Quando eu morro. O silêncio da flor quando eu morro. Os pássaros pendem das árvores como frutos. Como estrelas. Terrivelmente silenciosos.
O cisne se apaga no lago.

2
Os olhos do peixe não olham. Paralisados no ar seco. Laterais como a vida. O silêncio dos olhos, ridículos, parados em solidão e beleza. Como o mármore.
Não temos mais nenhuma palavra. As palavras recolheram-se ao dicionário, sem poesia. Sangue nenhum.

3
Uma barata resplandece sobre a mesa enquanto escrevo. Ratos voam. Morcegos. Um relâmpago fende a treva. A minha treva.
Continuo, cabisbaixo, cantando.
Difícil fabricar a morte. Uma elaboração do frio. Aceitar o nada. As coisas de ar.
Deus se afasta com a luz do eterno. Somos somente solidão quando morremos.




sábado, 26 de maio de 2012

O MORTO DE GIACOMETTI

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O MORTO DE GIACOMETTI


Largado em sua cama,
a pele amarelo marfim,
recolhido em si mesmo e já estranhamente distante,
os membros de uma magreza esquelética, projetados, esparramados,
abandonados
longe do corpo,
uma imensa barriga inchada, a cabeça
jogada para trás,
a boca aberta como um objeto, uma pequena caixa, mensurável,
insignificante. 
Então uma mosca aproximou-se do buraco negro de sua boca
e vagarosamente desapareceu dentro dela.
 


terça-feira, 22 de maio de 2012

O MENINO NA PONTE






























O MENINO NA PONTE


O menino atravessava a ponte correndo, correndo.
No meio da ponte o menino gritou: O meu pai morreu
e continuou a correr desabalado para o outro lado da ponte
tão longe
era como se não chegasse nunca.
A ponte era um horizonte sem fim para o menino sem
horizonte.






segunda-feira, 21 de maio de 2012

SOMOS SETE BILHÕES




 SOMOS SETE BILHÕES

Somos sete bilhões de habitantes
e estamos morrendo
muito antes da hora
de fome
e sede
asfixiados
envenenados
num planeta agonizante. 




domingo, 20 de maio de 2012

NOTA BREVE - MIREN AGUR MEABE





NOTA BREVE
 

Ontem queimei um lençol,
com o ferro,
fiz isso sozinha,
gravei-lhe um colorido triângulo torrado
graças à televisão.
Tenho sempre a televisão pequena na cozinha
enquanto passo a ferro:
uma criança negra numa guerra
mamava ao peito de sua mãe morta.
Senti que tinha engolido uma bola de pêlo.
Não irei esquecer isso:
o leite gotejou para dentro do meu peito.

MIREN AGUR MEABE





sexta-feira, 18 de maio de 2012

A BALEIA



 
      A BALEIA


A maldição de Acab não tem fim.
Preso ao ventre da baleia branca,
é preciso matá-la. Por que tanta
miséria, tanto mal? Grita de dor

como possesso. Com o inferno em vida,
convoca a marujada para o périplo.
Fustigamos os mares cor de bronze
em busca da baleia amaldiçoada.

Olha. A baleia é bela como o mal.
Carregamos o belo nas entranhas.
Carregamos o mal nas costas largas.
Disparo o meu arpão contra a desgraça

de viver, talvez de morrer. Não tenho
salvação. O demônio da baleia
me persegue e destrói o meu navio.
Não serei salvo nem com a sua morte. 





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quinta-feira, 17 de maio de 2012

MONTE BRANCO (JASNA GORA)








Monte Branco


Um anjo de palha adormece em meus braços
e sorri como um cão numa gravura antiga.

Longe das ameaçadoras falanges,
eu me deito no húmus quente, entre as folhas úmidas,

e sonho o alto carvalho que sobe ao céu.


terça-feira, 15 de maio de 2012

O LOBO GUARÁ























                                                                                                    Foto: http://serradacanastra.info/page1.aspx




   O LOBO GUARÁ


O lobo guará me olha de soslaio,
disfarça, com os olhos afogueados.
Estranha o medo humano em minha face
e se embrenha entre as pedras da Canastra.

O lobo marcha, alerta, no cerrado.
É senhor deste mundo, uiva, anuncia.
É sua a solidão da noite escura
marcada por seu cheiro e por seu uivo.

Quem vê o lobo fica sem palavras
pelo inaudito viso: tanta força,
beleza e astúcia nele conjugadas.
Saem chispas de fogo de seus olhos.

Quem sou ou serei para que me enfrente?
Por que enfrentar uma fraqueza de homem?
Quem tem, como ele, o dorso de um cavalo?
Quem tem, como ele, a força do leão?






segunda-feira, 14 de maio de 2012

A USINA DE BELO MONTE





 
A USINA DE BELO MONTE


A lei federal nº 2889, em seu art. 1º, qualifica como crime de genocídio:


“Quem,
com a intenção de destruir,
no todo ou em parte,
grupo nacional, étnico, racial ou religioso,

como tal:
a) matar membros do grupo; 
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; 
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes
de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; 
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; 
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.” 

O poeta não deve ser legislador, o poeta não deve ser legislador, o poeta não deve 
ser legislador.

O poeta não deveria nem conhecer as leis.




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domingo, 13 de maio de 2012

Às mães (O coração do menino)




                       O CORAÇÃO DO MENINO


O menino está na barriga da mãe como um tesouro que ela guarda escondido.

O seu coraçãozinho bate junto do coração da mãe, ansioso, maravilhado.

Aproximei a minha cabeça para ouvi-lo e fiquei apalermado: tanta energia, tanta vontade de viver.

O seu coraçãozinho não batia: galopava. O que eu ouvi foi um galope firme dentro da ventania.

A placenta fazia um barulho como uma ventania, e lá o menino galopava, preparando-se para as ventanias da vida.

Eu não sei o que lhe dizer. Há momentos em que as palavras são vazias, inúteis como flores murchas.

O menino tem três meses, um tamanhinho de nada, e uma bruta disposição para viver.

Ele domina o mundo, com a certeza de que a vida compensa, de que a vida é um milagre.

Eu ouvi o menino bradar, num som de galope, que a vida é bela e que ele caminha para ela, a toda brida, querendo viver.

Eu compreendi que o menino tem asas e voa para além das tempestades, até lá onde mora a origem de todas as coisas.

Eu compreendi a mensagem do menino, nova como a primeira palavra que, vinda do infinito, faz o mundo nascer.

O menino existe para dar luz à escuridão mais fechada.
A sua visão traz a sabedoria essencial do universo.

O poeta é um anjo trôpego batendo numa pedra com seu bordão de andarilho, à espera de uma impossível resposta.

O menino é essa resposta.





sexta-feira, 11 de maio de 2012

O GAVIÃO CARCARÁ

                                                                                                            httpexitintoselvagem.blogspot.com





  O GAVIÃO CARCARÁ


O gavião carcará voa, sobrevoa
os campos amarelos da Canastra.
Tem a face vermelha ao sol, as penas
negras brilham, rebrilham com a luz.

Reina imponente, do alto, com a crista
negra até ao pescoço grosso e branco.
O gavião voa e pousa nas montanhas
solitárias, nas pedras nuas, secas.

Vejo o abismo nos olhos do gavião
e o olhar de Deus, de longe e perto e dentro.
Sinto o medo, o êxtase, o mistério e a morte
nos olhos e nas garras do gavião.

De horizonte a horizonte a luz dos olhos,
além do que a memória e a vista alcançam.
Guardião em repouso ou em voo límpido,
o gavião carcará amplia o mundo.








quinta-feira, 10 de maio de 2012

O GALITO






























O GALITO


O galito é um pássaro minúsculo,
quase invisível contra o céu azul.
Amarelo e cinzento sobre o branco,
se esconde entre os espinhos do cerrado.

Pousado sobre um galho fino de árvore,
ele move o rabinho vertical
como se fosse um leme de avião
e não deitado como em outros pássaros.

Um pássaro raríssimo no dia,
o galito feliz manobra o leme
da cauda, para a esquerda ou a direita,
contra o azul do céu e a mata rala.

Navega como nave preciosa
e que mais se imagina, diminuta,
do que se vê, na luz de um enigma.
A beleza revela-se no mínimo.



"Livro dos bichos", prêmio "Jorge de Lima" da U.B.E. Rio, 2011

             O autor da foto foi o guia que me apresentou o galito, na Serra da Canastra. Obrigado mais uma vez, Zé Maria.




quarta-feira, 9 de maio de 2012

A ÉGUA ARGENTINA






























   A ÉGUA ARGENTINA


Cavalga a égua Argentina para o sonho
da infância esguaritada nos capões
e socavões escuros da memória.
A Argentina me traz menino para

agora. Sou o sol e o sal no lombo
molhado de suor, a passo grave
nas estradas vermelhas do Matão.
Ouça: a sombra cavalga ainda a noite,

a minha sombra de égua e menino.
O meu relincho cruza o tempo e a morte
e galopo nas trilhas orvalhadas
do passado. Sou a égua branca e preta,

sou a Argentina e sua estrela branca
na testa preta. Sou a égua e o menino
encantados. Bebemos a mesma água
e pastamos nas mesmas invernadas.





Um poema de Bernardo Atxaga




A morte e as zebras




Nós éramos 157 zebras
a galopar pela planície ressequida,
eu corria atrás das zebras 24,
25 e 26,
à frente da 61 e da 62
e de súbito fomos ultrapassadas com um salto
pela 118 e a 119,
ambas a gritar rio, rio,
e a 25, muito feliz, repetiu rio, rio,
e de súbito a 130 alcançou-nos
a correr e a gritar, muito feliz, rio, rio,
e a 25 deu uma guinada à esquerda
à frente da 24 e da 26
e de súbito eu vi o sol no rio cintilante
cheio de salpicos faíscantes
e a 8 e a 9 passaram por mim
a correr na direcção contrária
com as suas bocas cheias de água
e as pernas molhadas e os peitos molhados,
muito felizes, a gritar, vamos, vamos, vamos,
e eu de súbito colidi com a 5 e a 7
que também vinham a correr na direcção contrária
mas a gritar crocodilo, crocodilo,
e então a 6 e a 30 e a 14 passaram por nós
muito assustadas, a gritar, crocodilo, crocodilo, vamos, vamos, vamos,
e eu bebi água, bebi água cintilante
cheia de salpicos faíscantes e sol,
crocodilo, crocodilo, gritou a 25, muito assustada,
crocodilo, repeti eu, voltando para trás;
e correndo muito assustada na direcção contrária
colidi de súbito com a 149
e a 150 e a 151
que vinham a correr e a gritar, muito felizes, rio, rio,
crocodilos, crocodilos, gritei-lhes eu, muito assustada
com a minha boca cheia de água
e as pernas molhadas e o peito molhado.
Continuei a galopar pela planície ressequida
atrás da 24 e da 26
à frente da 60 e da 61
e de súbito vi, de súbito vi um espaço
entre a 24 e a 26, um espaço
e continuei a galopar pela planície ressequida
e de novo vi o espaço, de novo o espaço,
entre a 24 e a 26
e de súbito saltei e preenchi o espaço.


Nós éramos 149 zebras
a galopar pela planície ressequida,
e à minha frente estavam a 12, a 13
e a 14, e atrás de mim
a 43 e a 44.


Bernardo Atxaga (poeta basco que devíamos conhecer mais)
Tradução de Luís Filipe Parrado.




segunda-feira, 7 de maio de 2012

HAICAIS DO MAR AO PAVÃO




Ouvi o mar gargalhar
sob o céu de chumbo
e o vento abrupto.

Olho o peito e a bunda
da menina molhada
entro em êxtase.

O gato miava
para a lua branca e cinza
pensava que era uma gata?

As folhas caem
com o ouro do outono
nas penas do pavão.




quinta-feira, 3 de maio de 2012

MARINHA





























MARINHA


Súbito, o azul do céu e o azul do mar.
Uma gaivota passa
entre a areia da praia e o céu azul.
Um corpo boia na água, respira.

Um relâmpago ilumina a montanha.
O homem nada, flutua de leve.
Uma borboleta beija o chão.

Impossível não pensar na morte. 




quarta-feira, 2 de maio de 2012

O ROSEIRAL



























UM ROSEIRAL


A palavra é uma rosa encantada.
O poema é um roseiral.

A morte é uma lagarta
com fome e resignação.

As pétalas amam o fogo do sol,
as abelhas amam o ouro do néctar.

Tenho tanta sede, é preciso partir.
Uma formiga solitária me espera.





terça-feira, 1 de maio de 2012

TRABALHADORES DO BRASIL – Wander Piroli



     O homem estava sentado num tamborete rústico, com os joelhos cruzados e a cabeça baixa. À sua direita havia uma mesinha de desarmar, entulhada de lápis de vários tipos e cores, folhas de papel em branco, borrachas, tesoura e um pouco de estopa. Havia ainda uma tabuleta em cima da pequena mesa, apoiando-se na pilastra onde estavam expostos seus trabalhos: fotografias coloridas de grandes personalidades e caricaturas também de grandes personalidades.
     Nem sequer a chegada do bonde fez o homem levantar a cabeça. Trabalhava variando de lápis calmamente, como se não tivesse nenhuma pressa ou mesmo não desejasse terminar o serviço. Getúlio na foto continuava sorrindo para o homem com um de seus melhores sorrisos.
Uma mulher esturrada, de alpargata e vestido muito largo, aproximou-se e parou à sua frente. O homem levantou a cabeça:
-- Você, Maria.
    Ela moveu o rosto com dificuldade e fez o possível para sorrir, fixando atenta e profundamente a cara do homem.
-- Aconteceu alguma coisa?
-- Não – murmurou a mulher.
O homem pôs a fotografia e o lápis na mesa e esperou que a mulher falasse. Olhavam-se como duas pessoas de intensa convivência.
-- Não houve mesmo nada? – tornou o homem.
-- Claro que não, Zé. Eu vim à toa.
-- E os meninos?
-- Mamãe está com eles.
-- Como é que você arranjou para chegar até aqui?
-- Uai, eu vim.
-- A pé? Você não devia ter vindo, Maria. Estou achando que houve alguma coisa.
-- Não teve nada, não. Mamãe chegou lá em casa e então eu aproveitei para dar um pulo até aqui.
-- Ah – o homem sorriu. E uma onda de carinho, quase imperceptível, assomou-lhe o rosto lento e sofrido.
-- Fez alguma coisa hoje, Zé?
-- Fiz um – respondeu levantando-se. – Senta aqui. Você deve estar cansada.
A mulher sentou no tamborete, desajeitada.
-- Você não devia ter vindo, Maria – disse o homem.
-- Eu sei, mas me deu vontade. Mamãe ficou lá com os meninos.
-- Mas ela não estava doente?
-- Você sabe como mamãe é.
-- E o Tonhinho?
-- Está lá.
-- O carnegão saiu?
     A mulher fez sim com a cabeça e em seguida olhou para o abrigo, onde havia pequenas lojas de frutas, café, pastelaria.
-- Espera um pouquinho aí – disse o homem, e caminhou na direção de uma das lojas.
A mulher permaneceu sentada no tamborete, observou por um momento o vendedor de agulhas, que continuava gritando, depois deteve a vista na foto de Getúlio Vargas sorrindo para os trabalhadores do Brasil. O homem reapareceu com um saquinho manchado de gordura.
-- Esses pastéis.
-- Oh, Zé, para que você fez isso?
-- Vamos, come um.
-- Você não devia ter comprado.
-- Vamos.
     A mulher retirou um pastelzinho do saco e começou a mastigá-lo com muito prazer.
-- Come o outro, Zé.
-- Já comi uns dois hoje. Esse outro também é seu.
-- Então eu vou levar ele pros meninos.
-- É pior, Maria.
O homem ficou de pé, ao lado da mulher, observando-a comer o segundo pastel. A mulher acabou de comer, limpou a boca na manga do vestido e fez menção de levantar-se:
-- Fica aqui, Zé. Pode aparecer alguém.
-- Não, eu passei a manhã toda assentado.
      A mulher sentada e o homem em pé conservaram-se silenciosos durante um breve e ao mesmo tempo longo momento, ora olhando um para o outro, ora cada um olhando as pessoas agora espalhadas no abrigo ou não olhando coisa nenhuma. A mulher se ergueu:
-- Acho que eu vou andando.
-- Já vai?
-- Mamãe não aguenta eles, você sabe.
-- Ah, é mesmo. Você não devia ter vindo.
O homem tirou uma nota de dentro do bolso do paletó e estendeu-a para a mulher.
-- Volta de bonde.
-- Não, Zé.
-- É muito longe, criatura.
-- Não.
-- Ora, minha nega
-- A mulher pegou o dinheiro com a mão indecisa.
-- Vou ver se levo.
      O homem assentiu com a cabeça, abriu a boca mas não disse nada. A mulher desviou o rosto e piscou os olhos várias vezes.
-- Não chega tarde não, viu, Zé.
-- Chego não.
-- Você vai fazer.
-- Hoje eu sei que vai melhorar.
-- Vai sim, Zé. Eu seu que vai. Eu sei.
A mulher se afastou rapidamente, sem voltar o rosto. O homem empinou-se um pouco para vê-la atravessar a rua. Depois sentou no tamborete e pegou um lápis e o retrato.
    Durante muito tempo o homem permaneceu com a cabeça baixa, imóvel dentro de sua ilha, curvado sobre a foto que mostrava o presidente morto com aquele sorriso de seus melhores dias.

Wander Piroli - 1931 - 2006
Obras do autor:
Adulto: A Mãe e o Filho da Mãe ( 1966)
A Máquina de Fazer Amor (1980)
Minha Bela Putana (1985)
Nem Pai Educa filho (1998)
Os Melhores Contos de Wander Piroli (1996)

Infantil: O Menino e o Pinto do Menino ( 1975)
Os Rios Morrem de Sede (1973)
Macacos Me Mordam ( 1978)
Os Dois Irmãos (1980)
É Proibido Comer Grama
Para Pegar Bagre de Dia...