quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

A visita da borboleta


 

 

A VISITA DA BORBOLETA

 

A borboleta pousa todos os dias

no parapeito da minha janela.

É uma pequena borboleta amarela,

é como uma menina brincalhona.

 

Eu quase a ouço falar de amor,

quase posso ouvi-la cantar.

Quase posso ouvi-la beijar

a brisa leve que eu respiro.

 

A borboleta beija a minha face

com uma delicadeza feminina.

A borboleta é a minha menina

tão pequena, mas tão completa. 

 

 

sábado, 11 de janeiro de 2025

A estranha epidemia de dança

 


A ESTRANHA EPIDEMIA DE DANÇA

 

 

Em 1518, em Estraburgo, uma pequena vila francesa,

uma mulher chamada Fao Troffea,

sem motivo aparente,

começou a dançar sem parar em uma das ruas.

 

Após três dias dançando sem descanso,

outras pessoas começaram a dançar juntas.

Quatrocentas pessoas se juntaram aos dançantes

e dançavam sem interrupção.

 

Dançaram além da conta, dançaram tanto

que muitos chegaram a morrer de exaustão.

Médicos e padres foram chamados

mas a dança continuava dia e noite, noite e dia.

 

Chegavam a morrer quinze pessoas por dia

mas a dança continuava.

Só pararam de dançar quatro meses depois

quando muitos morreram e os outros não aguentaram mais.

 

 

 

domingo, 10 de novembro de 2024

O bode chupando manga


 

O BODE CHUPANDO MANGA

 

 

Coisa mais linda é admirar,

numa tarde com um sol

queimando até os miolos,

um bode chupando manga.

 

Na avenida, na sarjeta,

vai sério, compenetrado,

o rabo espantando moscas,

o bode chupando manga.

 

A origem do universo

e o fim de todas as coisas,

nada importa tanto quanto

o bode chupando manga.

 

A metafísica, o nada,

a náusea, a dor de existir

se evaporam no ar diante

do bode chupando manga.

 

As guerras, fome, doença,

a destruição do planeta,

tudo se esquece se eu vejo

um bode chupando manga.

 

 

José Brandão