sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Cromo




Cromo

A garça branca ergue muito o pescoço
E olha do alto, solene, a vaca preta.
A vaca pasta com resignação
O capim verde à beira do mato.

Perto, com seus espinhos, um pé de limão.
A água corre escondida, não muito longe.
Um tucano passa agitado, aos gritos.
Dois coqueiros se ajeitam entre as árvores.

Nuvens brancas esparsas no céu azul
Lembram a paina das paineiras nuas
Ou a lã das ovelhas tosquiadas.
Quase as ouço balir à distância.

Os cavalos pastam sossegados:
Sabem que o verde nunca terá fim.
Os cachorros descansam à sombra
E prossegue o trabalho das formigas.

_________

A B. Lopes. Eu era quase criança quando conheci os "cromos" de B. Lopes. Depois, quando comecei a fazer poesia, fiz algums "cromos" à maneira de B. Lopes - ou que eu pretendia que fossem à maneira, quando eram apenas péssimos. Dia 27 de julho último escrevi este poema e ocorreu-me o nome Cromo – somente então me ocorreu que muitos poemas que tenho escrito poderiam ter esse nome, usado por B. Lopes. Bom. Não tenho intenção de ser "moderno", nem "inovador". Sem nenhuma intenção premeditada, escrevo cromos, como B. Lopes, embora à minha maneira.
Se alguém quiser comparar, conhecer ou recordar: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/b_lopes.html

14 comentários:

Lou Vilela disse...

O interessante é que normalmente consigo enquadrar sob tuas lentes uma fatia da sociedade. ;) - vacas e garças... ;)

Beijos

Ana Lucia Franco disse...

Brandão, tua poesia inspira a buscar os "cromos". Maturidade e celebração da vida.

bjs.

chica disse...

Teus escritos, tenham o nome que tiverem, sempre são lindos.Gosto muito! abração,chica

Graça Pereira disse...

Brandão
Cromo ou não...a verdade é que eu deliciei-me e pela minha mente...passaram paisagens tão familiares de África...as vacas pastando e as garças ao lado...os coqueiros ao fundo...e muito capim que não terá fim...
Obrigado por esta momento!
Bj
Graça

Marcelo Novaes disse...

Brandão,


Os cromatismos são próprios.





Um abraço.

Anônimo disse...

Ergo o pescoço para ver melhor, e gosto do que leio e aprecio.
=)

Beijo.

Mar Arável disse...

A contemplação

é um registo

importante

para a criação

Bj

Unknown disse...

José Carlos!

Deve haver na natureza esta contemplação de paz que este "CROMO" revela.

A resignação das vacas sempre me remeteram a um olhar não humano para os animais e o verde da natureza.

Este pedaço de cosmo-cromo, está fascinante!

Parabéns, poeta!

Um abraço!

Mirze

Unknown disse...

Riquíssimo o link A.B Lopes!

Agradecimentos!

Mirze

Luiza Maciel Nogueira disse...

poesia leve, tranquila, solta, tudo acontece enquanto acontecemos. Reflexiva poesia, calma e alegre.

Beijo

Marcantonio disse...

Pleno de visualidade, como se uma câmera fosse deslizando numa sequência afetiva e poética sobre os objetos essenciais da paisagem e terminando num close da vida silenciosa que não cessa jamais de se movimentar.

Não conhecia B. Lopes.

Abraço.

Cris de Souza disse...

Fui transportada pra esta paisagem elevada e lá permaneci a comtemplar...

Beijos!

Jota Brasil disse...

Boas imagens rurais...
Gosto de tudo que fala do campo...

Ira Buscacio disse...

Brandão,

Encantada com as paisagens que encontrei aqui.
Bj