quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O monjolo do tempo

O monjolo marcava o tempo na água

O moinho moía a farinha e os galos


O canto dos pássaros bordava o dia

O arado tombava a carne da terra


As sementes sorriam prenunciando a flor e a espiga

A noite me embalava na copa da figueira


Longe os latidos dos cães loucos

Eu me aconchegava no seio da lua


Como no embalo de uma rede e sonhava

Os grilos brigavam com os vaga-lumes entre os coqueiros


As estrelas caíam com o sereno

O leite da madrugada era doce como a vaca Moela


O bezerro Bito mamava com sofreguidão

A Moela e o Bito, eu me dizia, sabem o meu nome.


Um comentário:

Joel Gomes Teixeira disse...

As cenas bucólicas aqui descritas são fascinantes.Sensibilidade à flor da pele.Magnifico!