quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O espelho do tempo

A vaca Moela e o bezerro Bito babujam o sonho
Sonhado da infância até agora

O ribeirão não tinha peixes
Tinha lágrimas na areia e nos espinhos do barranco

Onde um pé de cabeça-de-negro se dependurava
A morte sorria como uma orquídea

No alto de um jacarandá
A esmeralda brilhava numa pétala de sol

No fundo do poço, a minha face
Degolada pela guilhotina do espelho do tempo

A minha face vai e vem, vem e vai continuamente
Como um pêndulo sem fim

Os cavalos, no alto das patas traseiras, relinchavam
Traziam o sol nas patas e relinchavam e cantavam.

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