Outra vez te revejo, Dois Córregos, mais uma vez
Caminhamos lado a lado como dois estranhos
Não me reconheces e eu não te reconheço
Mas o mesmo sangue corre nas nossas veias
A mesma estranheza aos olhos de fora, tão outros
A mesma alma nos habita, como uma casa muito antiga
Os seus fantasmas esquecidos passeando pelos corredores
O menino que fui, homem de barro, cacos pelos caminhos
Tudo foi dado ao menino e tudo tirado ao homem
Mas permanece, pulsando dentro, como boa paga
Estendo a mão aberta, vazia. Somente eu sinto o peso
Do homem que ela carrega, um tição queimando na noite
A terra vermelha e a árvore verde cantam com todos os pássaros
Eu sozinho, menino e homem, como uma bilha quebrada
E com toda a inteireza de ainda ser bilha, no espaço
E na terra, matéria humana e quase divina.
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