quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O navio dos mortos

O navio dos mortos deixa o porto

À deriva, entre os calhaus


Uma estrela doente cai do céu

Agoniza na areia da praia


A fuligem das chaminés inunda o mar

E a minha garganta


Ajoelhado em folhas de sal

Acaricio a ossada do último cavalo


Os olhos secos afastam-se na bruma

São como um farol dançando no rochedo


Ergo o cálice de ouro negro

E bebo o vinho da dor


Os dedos sangrando seguram a linha

Da pandorga do eterno.


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