Os ratos e as baratas passeiam sob o assoalho
Comem o pó dos homens que por aqui passaram
Os fantasmas cozinham em seus caldeirões
A sopa dos restolhos do antigamente
Sobraram-nos as palavras, velhas, gastas
Caem sob as cortinas sem rumor, plácidas
As cortinas estão puídas, alimentam os percevejos
E os vermes do tempo implacável
A música já não toca. Os pássaros e seus cantos
Estão empalhados em algum quarto fechado
Uma parede nos separa da rua, de Deus
De quem somos resta um cântaro quebrado
A água toda se escoou. O vinho se escoou
Enquanto isso, no escuro, a aranha tece a teia.
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