quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Resíduo

Os ratos e as baratas passeiam sob o assoalho

Comem o pó dos homens que por aqui passaram


Os fantasmas cozinham em seus caldeirões

A sopa dos restolhos do antigamente


Sobraram-nos as palavras, velhas, gastas

Caem sob as cortinas sem rumor, plácidas


As cortinas estão puídas, alimentam os percevejos

E os vermes do tempo implacável


A música já não toca. Os pássaros e seus cantos

Estão empalhados em algum quarto fechado


Uma parede nos separa da rua, de Deus

De quem somos resta um cântaro quebrado


A água toda se escoou. O vinho se escoou

Enquanto isso, no escuro, a aranha tece a teia.


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