terça-feira, 3 de junho de 2008

A velhice do poeta











Cortei a minha língua, por inútil.

Os pássaros caem das árvores secas.


Deito-me na terra, entre as pedras,

Sob o lençol da minha miséria.


À beira do leito seco do rio,

Sinto-me queimar pelo fogo do sol.


Leio a minha sorte nas fezes quentes

De um animal morto, à minha imagem.


Estudo o enigma do silêncio

Nas estrelas longínquas do céu vazio.


O meu coração se esqueceu de quem era

E dialoga com o espelho quebrado.


A imagem turva não o reconhece.

Converto-me nas pedras, sobre a terra.

Um comentário:

Fragmentos de Elliana Alves disse...

Muito bom,adorei,bjsssssssss...