segunda-feira, 23 de junho de 2008

Fluir














Um rio flui da montanha, outro da estrela.

Deságuam no meu peito velho de milênios.


Estou imóvel, à beira da estrada, como um rochedo.

Uma árvore me envolve com os braços verdes.


Tenho os pés plantados na terra como raízes.

A seiva densa escorre nas minhas veias.


Os gaviões se agarram aos meus cabelos

E gritam desesperados para o céu


E bicam os meus olhos, a minha língua.

O meu cachorro já se converteu em pedra.


O meu cavalo espera o meu chamado,

Mas tanta água flui dos meus pulmões.


Um peixe navega nas minhas entranhas.

Revolve, dentro de mim, a memória de Cristo.


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