sexta-feira, 6 de junho de 2008

O silêncio das sereias










As ondas do mar apagarão o meu epitáfio

Não compreendo a paisagem que emerge do caos.


As palavras me fitam no escuro com seus olhos abertos

Rodopiam num vórtice azul que nasce do vazio.


A cornucópia revela o universo: os cavalos ao sol,

A baleia em alto mar e a estrela no abismo.


A gota de orvalho na orquídea é bênção e terror

Quero cunhar as palavras num monumento de bronze.


Navego encantado pelo silêncio das sereias

Uma faca cega me arranca a língua.


A rosa em chamas entre as árvores queimadas do jardim

A pedra me esmaga: sou cinza e ruínas antigas.


O espelho baço não reflete a minha imagem

As ondas nas areias da praia lavam o meu nome.


Um comentário:

José Carlos Brandão disse...

E se as sereias se calassem?
... Mas o silêncio das sereias é uma idéia de Kafka.