quarta-feira, 28 de maio de 2008

pétalas











cereja


mulher deitada na terra

lábios vermelhos

cereja



marinha


a água na fonte clara

a mulher nua no cio


as gaivotas no azul

o céu e o mar e as risadas



os gansos


as rosas no lençol

e a minha

língua acesa


os gansos voaram

ao sol



os gerânios


os gerânios vermelhos

entre as folhas verdes e o sangue

ao sol


os morangos


morangos na garganta

tanta pressa na pele

nos lábios


o coração é um cachorro

pedindo água


a chuva o vento a folharada

andamos todos os caminhos


o amor bebe sôfrego

se afoga no abismo


nossos corpos resfolegam

absurdos



pitangas


eram tantas pitangas

no céu azul

na pitangueira verde


nós dois os

corpos estendidos quietos

ao pôr-do-sol


eu lhe mordi o pescoço

com as palavras nas mãos

e entre os dentes


o peito arfava

vegetal carne molhada

abismo

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