sábado, 4 de fevereiro de 2012

CEMITÉRIO DE ELEFANTES





As árvores sussurram na noite vasta.

Os elefantes caminham pesados na avenida,

seguem um sino inaudível para o abismo.

Portas se abrem e fecham.



Os mendigos estão tocando piano.

A noite se move lentamente, com a música.

As mariposas se beijam no escuro,

mostram-se na suave claridade do bar

e se vão, infelizes.



O silêncio de Deus como um túnel.

Estrelas geladas caem.

Carros arrancam, explodem.

As águas correm, negras, sob as pontes.

Os mendigos solícitos se deitam para a morte.



A Dalton Trevisan



23-11-2011  -  José Carlos Brandão





4 comentários:

Bípede Falante disse...

O silêncio é um túnel cheio de ecos e suspiros...
beijos :)

Lídia Borges disse...

Um poema sombrio que as metáforas enchem de uma suave beleza.


Um beijo

Quintal de Om disse...

minhas memórias, não de elefante
são ossadas preservadas no tempo
no meu museu interno
e container de mim mesma.

meu carinho
Sam

Adriana Godoy disse...

JC, simplesmente arrebatador. Beijo