sexta-feira, 13 de abril de 2012

A CHUVA, ORAS








                              



                            A CHUVA, ORAS


Chove lá fora
como um cachorro.
O mundo não vai acabar
apesar do vulcão.
Quem nos salvará?, perguntamos


e engolimos facas
e biscoitos do improvável.
Que poeira terrível,
que cinza densa me sufoca,
torna-se vidro


e tritura a minha alma?
Vontade de me jogar do alto de uma árvore
para dentro de um lago suave.
Meu barco está ancorado
porque não há timão que o governe


quando navega.
Verlaine,
onde Verlaine entra na história?
Ouço violinos e ciprestes
e pedras e cabras.


É João Cabral chamando-me à realidade?
É Rimbaud com suas aranhas
devorando violetas?
O vento me leva
e eu sei que a poesia


é água furando a pedra dura.





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