O ouriço
eriça-se no vão da cerca
acuado pelo cão, que late, rosna
e fuça e ataca. Aguça as hastes
finas dos seus espinhos, e as aponta
acuado pelo cão, que late, rosna
e fuça e ataca. Aguça as hastes
finas dos seus espinhos, e as aponta
contra o cão tão
cruel que avança e morde,
e fica com a boca cravejada
de farpas afiadas como arpão.
Chora de funda dor o cão ferido.
e fica com a boca cravejada
de farpas afiadas como arpão.
Chora de funda dor o cão ferido.
Os espinhos penetram, rasgam, matam
de dor. Nascemos
para a dor: doemos.
Nascemos para a
morte, mas queremos
a viagem sem fim:
a morte é de outrem.
O cão é
testemunha cega e vã,
sombra feroz à
porta do destino.
O ouriço crispa
e eriça seus espinhos
contra essa fúria desse cão-enigma.
2 comentários:
Somos essa fúria cega, vão, em busca da eternidade, mas o destino, o tempo, ou o nada, são mais implacáveis. Poema com uma ótima medida de versos, imagens precisas, tema poderoso, muito bom. Forte abraço, meu amigo.
Opa, houve um engano, eu quis dizer "vã" acima. Abraço.
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