terça-feira, 24 de abril de 2012

A DEUSA CAÍDA





                                   A DEUSA CAÍDA

A deusa caída,
mais que caída, despedaçada.
A deusa no chão, à sombra do pé de jatobá,
sobre a grama verde e as folhas secas.

A deusa caída, e nada mais importa.
A deusa caiu, que mais poderemos dizer?
O quanto havia de vida?
O quanto a sua existência, em si, prenunciava?
A deusa caiu, com a vida.

Os cacos da vida no chão, como os cacos da deusa.
O quanto de nós são cacos,
o quanto de nós ainda brilha como os cacos?
A indiferença da deusa caída, despedaçada,
mas com o braço erguido como quem não se importa
com nada (um braço, o outro está quebrado – oh, quanto
de nós está quebrado, no chão ou sob o chão, aos vermes).

O pedestal ao lado da deusa, caído também.
Vivemos caindo de nossos pedestais, que também caem.
Os cacos brilham como estrelas na memória.
Nós subsistimos, lutando contra o esquecimento.
Evoé!





Nenhum comentário: