A DEUSA CAÍDA
A deusa caída,
mais que
caída, despedaçada.
A deusa no
chão, à sombra do pé de jatobá,
sobre a grama
verde e as folhas secas.
A deusa caída,
e nada mais importa.
A deusa caiu,
que mais poderemos dizer?
O quanto havia
de vida?
O quanto a sua
existência, em si, prenunciava?
A deusa caiu,
com a vida.
Os cacos da
vida no chão, como os cacos da deusa.
O quanto de
nós são cacos,
o quanto de
nós ainda brilha como os cacos?
A indiferença
da deusa caída, despedaçada,
mas com o
braço erguido como quem não se importa
com nada (um
braço, o outro está quebrado – oh, quanto
de nós está
quebrado, no chão ou sob o chão, aos vermes).
O pedestal ao
lado da deusa, caído também.
Vivemos caindo
de nossos pedestais, que também caem.
Os cacos
brilham como estrelas na memória.
Nós
subsistimos, lutando contra o esquecimento.
Evoé!
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