sábado, 24 de julho de 2010

A figueira



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O jornal Bom Dia, em Bauru, na matéria sobre o lançamento do meu livro "Memória da terra", publicou o poema "A figueira" na foto do tronco da minha figueira. Gostei tanto que quis repetir o feito aqui - mas não consegui trabalhar bem com as cores, para deixar o texto bem legível. Se não conseguir ler após clicar para ampliar o texto, leia-o abaixo.


A figueira

Deito num vão no tronco da minha árvore.
É uma grande figueira velha de um século.
Estou deitado no meio de folhas amarelas
Com um cheiro bom pelo meu corpo inteiro.

Réstias de sol desenham figuras no ar.
Pássaros voam, pousam e cantam.
A claridade doce me envolve e sonho
A sombra do bezerro e a sombra da vaca.

Essa figueira foi minha desde que nasci.
O meu mundo eram os seus galhos e folhas.
O meu mundo eram suas raízes sobre a terra,

Seu tronco e sua sombra como um colo de mãe.
Envelheci, sou outro, a minha figueira envelheceu,
Não nos reconhecemos. O tempo não volta atrás.

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9 comentários:

Eliana Mora [El] disse...

realmente não.
Mas as sensações ficam, boas então vale mesmo recordar.

beijo.
El

Domingos Barroso disse...

Este é o tesouro.
Valioso, inesgotável.

Forte abraço.

Luiza Maciel Nogueira disse...

Parabéns José Carlos, a integração com a natureza e as árvores é um bom exemplo poético pras pessoas. Que seja uma expansão contínua a tua poesia. :)

Beijos

Cristiano Melo disse...

Parabéns pelo enriquecimento do jornal com seu poema.
A foto já transmite uma mensagem repleta de interpretações, um forte abraço numa amiga de décadas.
Não somos os mesmo hoje, que o de ontem, mas o que nos faz humanos é perceber esta transformação e senti-la no presente.

Abraços

Adriana Godoy disse...

Deu pra ler...essa figueira tem histórias. Muito lindo poema da terra. Beijo.

Ribeiro Pedreira disse...

deitado em berço esplêndido. a falta de reconhecimento se traduz num novo conhecimento, numa nova história.

Rafael Castellar das Neves disse...

Sua descrição me faz lembrar dos meus tempos juvenis no interior, sob figueiras a imaginar a vida...

[]sss

Marcantonio disse...

As duas primeiras estrofes tem uma incrível capacidade de descrever sensações como se elas fossem permanentes; de forma que o final melancólico nos surpreende como um desencanto.

Poema nobre.

Abraço.

José Carlos Brandão disse...

Acertou, Marcantonio. Esses dois versos do final de "A figueira" são uma exceção.
A intenção dos 100 poemas de "Memória da terra" é justamente essa: descrever sensações presentes.
Muito obrigado.