segunda-feira, 4 de maio de 2009
O gari verde
O gari verde não madura nunca
Para que a sua dor não se perceba.
Empurra o seu carrinho com a cacunda,
Empurra a dor adunca da limpeza
Com a vassoura e o ancinho da desgraça.
Ninguém vê o gari verde sofrendo,
Gemendo como se fizesse graça.
O gari vai da Praia de Iracema
À Volta da Jurema se apagando.
A calça curta verde, as meias verdes
Com a camisa azul e verde vão
Compondo a imagem do gari doendo
Por onde passa, para a Fortaleza
Bela brilhar ao sol como as palmeiras.
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A foto foi batida pela Sônia na Volta da Jurema, Praia do Meireles.
Ouvi falar bem da polícia e mal da prefeita.
Não ouvi falar bem nem mal dos garis. Eu tento cobrir essa lacuna.
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12 comentários:
José Carlos Brandão, que dizer?
Lindo, lindo, lindo.
Quem domina a arte assim?...
Um abraço.
- Henrique Pimenta
Vim buscar palavra, sentido poético e encontrei. Andava órfã por descaminhos. Mas achei o gari. Ele levou todo o lixo
Puxa legal essa do gari hein. Eu também escrevi sobre o gari no meu blog. Os garis precisam ser vistos e, para isso, precisamos unir nossas forças. Nossas gotas oceânicas já começaraa movimentar a mudança, tão necessária.
Visite minha Casa, quando puder.
Um grande abraço.
e não podia estra melhor coberta essa lacuna.
obrigada.
beijo
Excelente foto da Sônia, como sempre. Quanto ao gari, coitado fica a tua homenagem, real, dura, como a imagem demonstra. A vida a cores desbotadas.
Abraços J. C.
Victor Gil
Muito boa ,bonita e justa essa homenagem aos garis.Gente sofrida que passa despercebida aos nosso olhos e tão importantes ao mesmo tempo.Se eles pararem,será que damos conta?Um abraço
Amigo José Carlos, seja bem-vindo! Já estava sentindo a sua falta!
Bela e merecida homenagem a quem tem por missão limpar o que sujamos.
Um forte abraço,
jhs
Olha,
a palavra parada;
Luta,
por letras ocultas;
Ouça,
os versos internos
Solta,
a nudez poética;
Escreva-se,
poesia
ao menos um dia,
Seja.
(Maísa)
Desejo uma linda semana com muito amor, esperança e carinho.
Abraços.
Eduardo Poisl
Muito bonito e interessante seu soneto ao gari verde. Os versos e a imagem se completam harmoniosamente. Bravo. Beijo.
Hola te mando un fuerte abrazo y solamente comentarte que tengo otro blog titulado http://trucadors.blogspot.com
se trata de los picadores de puerta que voy encontrando por el mundo y todo el arte que se encierra con ellos, agradeceria le echaras un vistazo.
un beso de mi parte.
Té la mà Maria - Reus
Incrível como, às vezes, colocamos pessoas invisíveis em nossas vidas. Por que fazemos isso?
Um abraço!
Caro Poeta,
Baudelaire, que era pela autonomia absoluta da arte, e que não admitia que a poesia tivesse outro fim senão a si mesma nem outra missão a cumprir a não ser exercitar na alma do leitor a sensação do belo, no sentido absoluto do termo, como ressalta Théophile Gautier na sua obra "Baudelaire", poderia
fazer alguma objeção ao seu poema, o que, por outro lado, não ocorreria se este poema fosse lido por Georg Lukács, já que, para esse mestre, a poesia que se limita à sensação do belo - arte pela arte -, não justifica sua existência, já que que o valor da poesia está na mensagem social que transmite.
Sem dúvida, Pablo Neruda concordaria con Lukács. Prova disso está no poema de Neruda "Palavras à Europa":
"Eu, americano das terras pobres,/ dos metálicos planaltos,/ onde o golpe do homem contra o homem,/ se acrescenta ao da terra sôbre o homem./ Eu, americano errante,/ órfão dos rios e dos/ vulcões que me procriaram,/ a vós, simples europeus/ das ruas torcidas, /humildes proprietários da paz e do azeite,/ sábios tranqüilos como a fumaça,/ eu vos digo: aqui vim/ para aprender convosco/ de uns e outros, de todos,/ pois de que me serviria/ a terra, para que se fizeram/ o mar, e os caminhos,/ senão para ir olhando e aprendendo/ de todos os sêres um pouco?/(...)
Abraços,
Pedro Luso.
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