quarta-feira, 28 de maio de 2008

A morte do artista











O meu quarto vazio jaz na penumbra.

Todos os espelhos estão quebrados.


Um velho me visita todas as noites

E me rouba os olhos e os sonhos.


Sofro dentro da noite atroz

Ou contemplo o sofrimento no sono,


Longínquo, entre as estrelas do abismo.

Não tenho mais contato com o chão da vida.


Cortei as minhas mãos inúteis,

Jazem no fundo da água pura dos rios do tempo.


Não me servem mais. Tocaram a beleza

E perderam-na. As ondas vêm e vão, com sangue.


O meu jardim canta ao sol, com flores e pássaros.

Eu é que não sirvo mais.

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