quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O SILÊNCIO DAS COISAS





























O SILÊNCIO DAS COISAS

O silêncio dorme à sombra das árvores.
Os animais são obscuros como os homens.
O sol gira tanto, as estrelas giram, uma serpente
gira em torno do meu corpo.

A morte é real, concreta. A montanha é pesada.
É preciso falar do amor como uma coisa.
É preciso falar do amor.
As flores perfumam a terra, as flores iluminam a terra.
As flores enlouquecem.

Que pode uma criatura, entre criaturas, senão morrer?
É preciso partir. É preciso chegar ao fim da viagem.
Para onde vamos?
É preciso despedir-me. Vou sozinho.
Sou o abandono. A terra me espera.
Vivo com a terra no sangue. Um dia serei apenas terra.

A caverna me lembra a necessidade de ser e morrer.
A inocência dos filhotes caídos do ninho.
Os bois mugem, as estrelas mugem.
As estrelas sussurram distantes.
Sou inocente. Balbucio fracamente.

Um comentário:

Bípede Falante disse...

Bonito, bonito de doer, bonito de chorar e em silêncio...
beijosss