segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CONHECIMENTO DAS COISAS































CONHECIMENTO DAS COISAS


Tenho o conhecimento da terra e do homem.
Os cavalos relincham.
Abro a porteira do dia. As vacas me esperam.
As últimas estrelas respingam no pasto.
O galo acende o sol. As coisas são violentas
em sua placidez.
As pedras respiram. Eu sou selvagem.

O que é a terra? O que são as coisas?
As palavras caem na palha do paiol.
Os coqueiros mugem, a estrada se ergue
com a poeira.
O ribeirão rebenta o açude.
Não quero a paz.

Sou feroz com a terra fora dos eixos.
O que podem dizer as palavras?
As coisas rilham os dentes.
As coisas são íntimas, fêmeas, sensuais.
As coisas não têm salvação.




5 comentários:

Cristiano Melo disse...

Quanta metáfora! Saudade de ler um poema destes. Bem de dentro da terra que há em alguns poetas, e as coisas, bem, elas não têm salvação.

Abraços meu caro Brandão.

Unknown disse...

Não tem salvação, as coisas?

Creio que não por serem fêmeas, mas devido ao olhar daqueles que já não tem salvação.

Lindo poema. De quem conhece bem a terra.

Beijos

Mirze

Bípede Falante disse...

O vocabulário e o verbo da terra são imbatíveis.
Bonito poema :)
beijo

Adriana Godoy disse...

JC, gosto de seus poemas. Beijo

Bazófias e Discrepâncias de um certo diverso disse...

Belo poema, Brandão! Me lembra a simplicidade aparente (mas bem aparente, mesmo) dos pensamentos de Alberto Caeiro, meu preferido! abs