terça-feira, 8 de abril de 2008

A viagem do eterno

Não me canso de cantar o meu naufrágio.

A minha alma entre os destroços, a ferrugem

E os baús de memórias de um porto longínquo.

Quem é que fala? Que vozes estou ouvindo,


Os mortos insepultos clamando no abismo?

Sou ninguém e sou os mortos sobrenaturais

Com orações e peixes na garganta.

Derramei o meu sangue entre as pedras da praia,


Quero o mistério do mar inominável.

Vesti a túnica da ilusão do mar.

Quando deixar este mundo de ausência,


Dos ferros do meu naufrágio cantarei

O touro de sombra do mar.

Ensaio no meu canto a viagem para o eterno.

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