sexta-feira, 11 de abril de 2008

Ars Poetica

Quero escrever como o homem das cavernas.

Quero registrar nas paredes o pasmo e o encanto,

O domínio sobre as coisas e o banal dessas coisas.

Quero gravar Deus e a ausência de Deus.


Quero deixar a minha marca na pedra.

Quando o homem escrevia com o diamante,

Quando a palavra era um milagre.

Primeiro a figura dos animais na pedra,


Depois a mulher, o homem e o universo.

Quero pintar o negativo, a forma e o volume.

Quero registrar a árvore, o pássaro e a montanha,


O mar, o peixe e o abismo, as viagens sem retorno.

Quero gravar o bisão e o cavalo, as mãos e os chifres,

O fogo e a sombra, a geometria claro-escura da vida.


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