Mordi a língua, minhas palavras sangram.
As idéias cheiram, sabem a mulher, a pássaro.
As idéias não são nada diante do corpo da mulher.
Os espelhos quebrados são múltiplos espelhos.
Nuvens voam. Sai das nuvens a mulher sem face.
A minha língua apunhalada não se cala.
A língua voa, verde pássara.
Uma folha que se queima é uma floresta que se queima.
Uma pedra é nítida como só uma pedra é nítida.
Quero o meu poema nítido como uma pedra.
No chão desolado do poema cresce uma flor de pedra.
Quando a nuvem se tornar nítida, sólida e nítida
Como uma pedra, meu poema estará terminado.
Um comentário:
Eu amo ler Brandão!
Sempre foi, será sempre, meu poeta, escritor favorito!
Acho que ele fala aquilo que a minha alma já sabia... Só que com palavras que brotam do meio de pedras, de flores, de caminhos de terra, de nuvens e de estrelas!
O Brandão escreve com todo o seu coração, pelado e cheio de cicatrizes. Sangrando o sangue de todos os seres humanos...
Repito e repitirei infinitas vezes: Eu amo ler o Brandão!
Obrigada poeta!
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