quinta-feira, 3 de abril de 2008

Homenagem a Magritte

Falo palavras claras, vejo com clareza.

Mordi a língua, minhas palavras sangram.

As idéias cheiram, sabem a mulher, a pássaro.

As idéias não são nada diante do corpo da mulher.


Os espelhos quebrados são múltiplos espelhos.

Nuvens voam. Sai das nuvens a mulher sem face.

A minha língua apunhalada não se cala.

A língua voa, verde pássara.


Uma folha que se queima é uma floresta que se queima.

Uma pedra é nítida como só uma pedra é nítida.

Quero o meu poema nítido como uma pedra.


No chão desolado do poema cresce uma flor de pedra.

Quando a nuvem se tornar nítida, sólida e nítida

Como uma pedra, meu poema estará terminado.

Um comentário:

Mimi disse...

Eu amo ler Brandão!
Sempre foi, será sempre, meu poeta, escritor favorito!
Acho que ele fala aquilo que a minha alma já sabia... Só que com palavras que brotam do meio de pedras, de flores, de caminhos de terra, de nuvens e de estrelas!
O Brandão escreve com todo o seu coração, pelado e cheio de cicatrizes. Sangrando o sangue de todos os seres humanos...
Repito e repitirei infinitas vezes: Eu amo ler o Brandão!
Obrigada poeta!