UM COPO DE SILÊNCIO
Guardo no
meu poema, como num copo,
a imagem
líquida das coisas.
A tinta é
líquida, a tinta das minhas palavras.
As minhas
palavras escorrem dos lábios
ensanguentadas.
A faca desce
e se levanta
com o sangue
da vida, jubilosa.
O meu poema
tem todas as linhas da criação.
A loucura
justifica o meu poema como
justifica a
vida.
Vamos deixar
a melancolia para outra hora.
Por enquanto
a mulher não é uma estátua
de sal. O
olhar foi punido porque o olhar
é tudo.
Por mais que
aceitemos o esquecimento,
o olhar, que
também é esquecimento, preserva.
O olhar diz
que é a hora do silêncio.
Palavras,
palavras, palavras
e o
silêncio.
Como um
pássaro, o silêncio canta.
Com a voz do
esquecimento, o silêncio canta.
J. C. M. Brandão
3 comentários:
Belíssimo copo :)
Concordo! Copo belo! Copo de liquidez inesgotável! hehe...
grande abraço brandão.
É verdade!
Somos líquidos!
Belo copo!
Beijos
Mirze
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