segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

UM COPO DE SILÊNCIO





























UM COPO DE SILÊNCIO


Guardo no meu poema, como num copo,
a imagem líquida das coisas.
A tinta é líquida, a tinta das minhas palavras.
As minhas palavras escorrem dos lábios
ensanguentadas.

A faca desce e se levanta
com o sangue da vida, jubilosa.
O meu poema tem todas as linhas da criação.
A loucura justifica o meu poema como
justifica a vida.

Vamos deixar a melancolia para outra hora.
Por enquanto a mulher não é uma estátua
de sal. O olhar foi punido porque o olhar
é tudo.
Por mais que aceitemos o esquecimento,
o olhar, que também é esquecimento, preserva.

O olhar diz que é a hora do silêncio.
Palavras, palavras, palavras
e o silêncio.
Como um pássaro, o silêncio canta.
Com a voz do esquecimento, o silêncio canta. 

J. C. M. Brandão




3 comentários:

Bípede Falante disse...

Belíssimo copo :)

Bazófias e Discrepâncias de um certo diverso disse...

Concordo! Copo belo! Copo de liquidez inesgotável! hehe...
grande abraço brandão.

Unknown disse...

É verdade!

Somos líquidos!

Belo copo!

Beijos

Mirze