Estação de Astapovo - foto da web
TÓLSTOI
ESPERA O TREM NA ESTAÇÃO DE ASTAPOVO
Tolstoi espera o trem na
estação: é preciso partir. Todos
esperamos na estação: a
partida é inadiável.
A fumaça sufoca, turva
os olhos, cega e estonteia
e nem percebemos que o trem
chegou
e partimos.
É noite. Mar, rochedos,
estrelas.
Os mortos desfilam aos
pares, cantando uma canção interminável.
Um cachorro balança o rabo
para os homens.
Tolstoi dorme num canto, à
espera do trem.
O que é a verdade?
Por que Deus não fala alto e
claro?
Por que os homens não ouvem
as palavras de Deus?
Pai!
Ó Pai, por que me
abandonaste?
O cristal do cálice se parte
sob as pálpebras.
Pendo a cabeça à beira do
poço. Tolstoi e eu morremos na estação
de Astapovo.
6 comentários:
De quantas partidas, mortes, noites e sacrifícios é feita uma vida autêntica ? Sabe Tolstoi, os anjos e vc, grande poeta. Acabo de ler uma obra prima que precisa de muito para se assimilada. Obrigada..
beijo.
JOSÉ CARLOS!
Ainda bem que há muito Tolstoi esperou esse trem.
Uma ficção de arrepio. Ainda bem que você está aqui. Deixe para deitar nos ombros dos anjos daqui há cem anos.
Beijos, poeta!
Mirze
José Carlos,
com muita desenvoltura, vc tece sua prórpia "A Viagem de Chihiro". Dá até pra ouvir o rumor do trem abafando o rugir do prato.
Puro assombro! Muita beleza em cada estação!
Abraços!
Parabéns o Blog é sensacional !
No cais da nossa vida...há imensas partidas e chegadas!! Os anjos estão lá para apanhar as nossas lágrimas e sorrirem connosco!
Poema fabuloso!
beijos
Graça
É grande a partida do poeta ASTAPOVO, ASTALAVIDA SEMPRE!!
BJS
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