quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

TÓLSTOI ESPERA O TREM NA ESTAÇÃO DE ASTAPOVO

                                                                 Estação de Astapovo - foto da web
                        

                          
TÓLSTOI ESPERA O TREM NA ESTAÇÃO DE ASTAPOVO

Tolstoi espera o trem na estação: é preciso partir. Todos
esperamos na estação: a partida é inadiável.
A fumaça sufoca, turva
os olhos, cega e estonteia
e nem percebemos que o trem chegou
e partimos.

É noite. Mar, rochedos, estrelas.
Os mortos desfilam aos pares, cantando uma canção interminável.
Um cachorro balança o rabo para os homens.
Tolstoi dorme num canto, à espera do trem.

O que é a verdade?
Por que Deus não fala alto e claro?
Por que os homens não ouvem as palavras de Deus?
Pai!
Ó Pai, por que me abandonaste?
O cristal do cálice se parte
sob as pálpebras.
Pendo a cabeça à beira do poço. Tolstoi e eu morremos na estação
de Astapovo.

6 comentários:

Ana Lucia Franco disse...

De quantas partidas, mortes, noites e sacrifícios é feita uma vida autêntica ? Sabe Tolstoi, os anjos e vc, grande poeta. Acabo de ler uma obra prima que precisa de muito para se assimilada. Obrigada..

beijo.

Unknown disse...

JOSÉ CARLOS!

Ainda bem que há muito Tolstoi esperou esse trem.

Uma ficção de arrepio. Ainda bem que você está aqui. Deixe para deitar nos ombros dos anjos daqui há cem anos.

Beijos, poeta!

Mirze

Wilson Torres Nanini disse...

José Carlos,

com muita desenvoltura, vc tece sua prórpia "A Viagem de Chihiro". Dá até pra ouvir o rumor do trem abafando o rugir do prato.

Puro assombro! Muita beleza em cada estação!

Abraços!

Anônimo disse...

Parabéns o Blog é sensacional !

Graça Pereira disse...

No cais da nossa vida...há imensas partidas e chegadas!! Os anjos estão lá para apanhar as nossas lágrimas e sorrirem connosco!
Poema fabuloso!
beijos
Graça

Claudia Almeida disse...

É grande a partida do poeta ASTAPOVO, ASTALAVIDA SEMPRE!!

BJS