segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

As palavras no jardim




AS PALAVRAS NO JARDIM


As palavras crescem no jardim
entre as pedras
e os cavalos descuidados.
Têm cicatrizes
ou tatuagens
na fronte
como flores sinistras
dançando no abismo.

Qual a chave?
Que símbolo me revela?

Os cabelos crescem nos telhados
e debaixo da terra,
vermelhos.
O sol derrete o chumbo
dos cata-ventos.

Um galo canta
no monturo
a verdade
escrita com sangue.
Crescem as unhas
do tempo.

A linguagem
dos peixes
no vento
acorda antigas crenças.

Dai-me
a âncora
do mundo,
ó timoneiro da aurora.



10 comentários:

Mar Arável disse...

São seres vivos

as palavras

Unknown disse...

Tudo é vida por aqui! Vida bonita de se ver, e sentir o falar das folhas e o calor do sol.

José Carlos, terias coragem de ter a âncora do mundo nas mãos e sob o teu comando?

Belíssimo, poeta!

Beijos

Mirze

Maria Maria disse...

Esse reluz o torna sempre iluminado!

Feliz 2011!!!!

Beijos do Seridó,

Maria Maria

Juan Moravagine Carneiro disse...

Este escrito fez querer sair dos grandes centros.... pelos menos por um momento...

...vai entender...

abraços!

Marcantonio disse...

Há de ser um jardim das delícias para ouvidos atentos às raízes profundas dos cantos mais nobres e densos, das imagens que florescem com perfil quase mítico desafiando o colorido banal circundante.

Um grande abraço.

P.S.: Ô Brandão, e não há também aquele mito de que Ésquilo (se não me engano) teria morrido com uma "tartarugada" na cabeça? Mais um papel extravagante para os estranhos quelônios...

Fátima Guerra (Mellíss) disse...

Querido Brandão

As palavras voam no vento, desenhando a sua alma, dentro dos nossos olhos.
Quero agradecer a honra da sua atenção, no ano que passou.
Que 2011 colha e plante dias de Paz e Alegrias.
Carinho sempre.

Fátima Guerra.

Cynthia Lopes disse...

tem aquilo de "para o mundo,
que eu quero descer".
sinto, o mundo não para.
mas é bom ver no teu poema
o ar, o mar, a terra, o fogo
das palavras; agora é só uma questão de tempo, o dono de todos os enigmas.
bjs

Jota Brasil disse...

a "PALAVRA LIVRE" ME ENCANTA. vINDO DE UM PROFESSOR DE LINGUA PORTUGUESA ENTÃO É A GLÓRIA. Admiro sua capacidade de se livrar da semântica, "chutar de lado" as regras e fazer da gramática uma imagem sólida.
Quando o Antonio Carlos (Prof Ciências) falou-nos durtante uma aula que José CArlos Brandão além de professor era um magnifico poeta/escritor NA ÉPOCA eu não imaginava que era tanto. E que iriamos partilhar nossos escritos, ai que eu nem poderia sonhar : )

Anônimo disse...

Em cada canto da natureza, cresce uma palavra... e morre o dia.

Lindo poema!

Beijo, feliz 2011 para vc e sua família!

Sândrio cândido. disse...

Que belo poema.
as palavras crecem nos jardins...

verdade, nos jardins da existência é que nascem a poesia.