segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Elegia de Finados



ELEGIA DE FINADOS


A beleza sorri para a morte na varanda,

entre as acácias à beira-mar e à beira-noite.


Estou habitado de ruínas,

alguns fantasmas, pouca cinza.


No limite da montanha uma deusa nua

me oferece o seio,


um pote de mel

e uma gaivota voando sobre a história.


Os dedos de um velho, ocultos sob as barbas,

tecem


imperceptível

a rede do tempo.


A beleza me estrangula, seu diamante implacável.


Uma pétala na taça de vinho, a rosa imarcescível

e o pão nos lábios como uma palavra.


_______



Poema de 1-11-07. Em 2007, escrevi uma série de elegias - com o nome de elegia, ou apenas o tom, como O Timoneiro. A Elegia de Finados foi a última da série - e, apesar do nome e da data, parece-me a menos elegíaca.

________

7 comentários:

Gerana Damulakis disse...

Esta Elegia está especialmente bem escrita. Especialíssima.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido Poeta

Muito linda...uma mensagem eterna.

Beijinhos
Sonhadora

Gustavo disse...

As imagens que sua elegia cria são fantásticas. Gostei muito!

Abraços!

Adriana Godoy disse...

JC, uma preciosidade esses versos. Belos e fortes. Beijo

Anônimo disse...

Forte mesmo, muito bem escrito, intensos versos!

Beijo.

Solange Maia disse...

versos atemporais...

e que lindos...

beijo grande

Ira Buscacio disse...

Brandão,

Nessa sua varanda, de frente pra vida, eu venho com minhas ruínas e saio restaurada num sorriso.
Que beleza, Brandão

Bjão e bom fds