Mucuripe
Entre os barcos e as casas dos pescadores
Há uma mesa com seus bancos fincados no chão,
Alguns copos, um ou dois pratos, talheres
E bocas famintas e olhos arregalados.
Cachorros andam de um lado para o outro
Perseguindo a própria sombra,
Um resto de comida, a vida
Preguiçosa como os gatos pardos,
Que se esparramam por ali,
Na modorra de donos absolutos do lugar.
As árvores projetam a sua sombra verde
Sobre esse chão pobre, cheirando a lixo e dor.
Uma criança chora: é sinal de vida.
Um velho ergue uma garrafa de pinga
Enquanto exibe o peito coberto de tatuagens.
Uma mulher oferece um peixe e grita como louca: Viva a vida!
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O Sangue da Terra, 2010 - Fortaleza, CE.
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10 comentários:
Gostei do poema!
Beijo, José.
Mas sempre é muito bom ler de novo.
Bjs.
Espetacular, muitas cenas, muita poesia.
Beijos
a vida se apresenta em forma de pão.
Parece que o poema já estava pronto e aguardava ser colhido pela sensibilidade mais alerta.
Quando uma mulher oferece um peixe
até o mar se deita
à mesa com velas
um poema de imagens da terra.
imagens que habitam este ser mineiro.
J.C.Brandão!
Triste, mas belo!
O choro da criança é vida, e a mulher é louca mesmo para gritar Viva a vida!
"um resto de comida, a vida!
Fantástico e emocionante!
Parabéns, poeta!
Beijos
Mirze
aqui há uma colônia de pescadores também e fiquei impressionada como é universal a paisagem, a fome dos cães, as tatuagens, os velhos bêbados, as mulheres loucas e os gatos pardos... se eu for lá agora verei o teu poema!
muito bom!
abraços.
Que beleza de poema Brandão!
Grande abraço
Gi
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