segunda-feira, 12 de outubro de 2009
A torre e outras quadras
1. ESTOU SÓ
Estou só, no coração da dor.
Exposto, desolado
ao sol, à chuva, à areia do deserto.
Quando menos espero, cai o frio da noite.
2. OS FIGOS
O amor é tudo e nada.
Os figos estouram ao sol.
Estou dentro do teu corpo
como num poço sem fundo.
3. A TORRE
A torre da igreja aponta para o céu.
Cai o crepúsculo nevoento.
Um raio me ilumina a face dura.
Sou um homem voltado para a terra.
4. DEUS CARREGA
Deus carrega o mundo na palma da mão.
O sol queima a areia do deserto,
está seca a garganta dos camelos.
Eu sou uma sombra que passa.
5. ESTOU NU
Estou nu diante de Deus.
Sou pó na imensidão infinita,
o meu coração dispara de medo.
Existir é uma bênção.
6. TENHO UM ESPINHO
Tenho um espinho no olho direito,
mas o esquerdo vê pelos dois:
o córrego de lírios amarelos
e águas claras fluindo como a vida.
7. QUEBREI AS LÂMPADAS
Estou cercado de fantasmas e do nada.
Os mortos não precisam de luz, nem os vivos.
Quebrei as lâmpadas, afoguei a última chama.
No escuro a minha solidão é maior.
8. QUEBREI A PEDRA
Quebrei a pedra, tirei todas as arestas
até ficar como a minha cara feia.
Era uma obra de arte acabada:
só não tinha a minha alma, era um espelho da tua.
___________
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7 comentários:
Olá,amigo. Estou divulgando em vários blogs,meu amor por Anita Fonsec(anitafonseca.blogspot.com). Como seu espaço é muito respeitado e respeitador, peço licença que publique para que todos vejam. Um abraço.E muito obrigado!
SUA TIMIDEZ
Eu já amava você,
mas quando beijei seu rosto pela primeira vez
me deu muito gosto ao ver sua timidez.
Você foi ficando vermelha, sem jeito.
No meu peito uma centelha dizia para mim:
Ainda existem meninas assim.
Confesso...
mais que apaixonado,
fiquei desarmado.. talvez até mais que você.
Balançou o meu ser como ninguém.
Acabei ficando tímido também.
Mutuamente foi um misto de sensações, de vibrações.
Adolescentes novamente por obra do destino
Você, menina-flor-mulher.
Eu, homem-poeta-menino.
CARLOS SOARES DE OLIVEIRA
Ao que tem o dom do inho,
Me mordo de inveja ao chão,
Lacrimejando-me em ão,
Que um dia serei Brandinho...
Somos todos "meio" torres, "meio" pedras, não somos? Um pouco terra, um pouco céu... E existir é mesmo uma benção, apesar e além dos nossos medos.
Lindos, Brandão. beijo.
Tão lindos poemas marcados por torres e deus, tão expressivos que é difícil escolher um. Mas, especialmente, escolho esTe:
QUEBREI AS LÂMPADAS
Estou cercado de fantasmas e do nada.
Os mortos não precisam de luz, nem os vivos.
Quebrei as lâmpadas, afoguei a última chama.
No escuro a minha solidão é maior.
Beijos, Mestre JC.
Caro Jota Cê
Como já deves ter visto na visita ao meu blogue (que te agradeço) eu sou mais prosa, ainda que também goste de poesia. E os teus versos são bem interessantes, deixa-me que te diga. Aliás, já sou seguidor em ambos os teus locais poéticos.
Espero que faças o mesmo em relação a mim e voltar a ver-te regularmente lá no meu covil. E, já agora, informa os teus... capangas. hahahahahaha
Abs
Gostei muito destas quadras, e retive o verso "Existir é uma bênção"_______ nem mais, porque a poesia serve também para dizer verdades simples.
Um beijo meu, querido José.
A TORRE
A torre da igreja aponta para o céu.
Cai o crepúsculo nevoento.
Um raio me ilumina a face dura.
Sou um homem voltado para a terra.
Lindas quadras, Brandão, a poesia como um corte lúcido na existência. E que linda foto. Grande abraço.
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