segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Homenagem a Mercedes Sosa




A primavera e suas pombas brancas
em meu peito inauguram uma flor.
A esperança se eleva em grito e luz
até o sol, num cântico de júbilo.

Contemplo a vida, o vértice do tempo:
seu brilho azul, o justo caminhar
de coisas e homens plenos de certeza,
na ordem da palavra renovada.

A estrada aberta para a paz dos olhos
cansados da procura de horizontes
onde repousem dos trabalhos áridos:

a luta contra as urzes do destino,
as cadeias do efêmero, e a angústia
presente sempre e sempre combatida.

Exílio, 1983.

12 comentários:

Edson Bueno de Camargo disse...

Se morio La Negra, a América latina fica sem voz. O som que dava pano de fundo aos nossos sonhos adolescentes se apagou. A música que embalava nossas bandeiras não canta mais. Hoje o dia amanheceu mais triste, neste pedaço esquecido de América, que se pensou esperança.

Existem coisas que nunca esquecemos, e a voz de Mercedes Sosa que ouvi no rádio a primeira vez, no programa América do Sol, do poeta e cantor Abílio Manoel, “Mi oficio de cantor es el oficio”, versos que entraram em minha alma como ferro em brasa, que arrancaram meus primeiros versos de uma alma seca. Fiz –me poeta na canção. Nem sabia o que era a vida de tão jovem, mas sabia queria alguma coisa como aquilo, aquela força poderosa que se apoderava de mim cada vez que ouvia aquela voz. o calor que me subia a espinha e me fazia sentir vivo.

Adriana Godoy disse...

Mais um que arrebata! Bela e comovente homenagem a essa querida e singular cantora que tanto embelezou nossas vidas com sua arte. Beijo.

nydia bonetti disse...

Retrato de uma época. Sentiremos falta... Bela homenagem, Brandão.
Beso.

BAR DO BARDO disse...

Namastê!

Solange Maia disse...

... e foram tantos os momentos embalados por sua linda voz...

ainda terão outros, eu sei, mas agora é diferente...

perda dura...

beijo

Unknown disse...

Quero juntar-me a esta homenagem!


um beijo, José Carlos

Benny Franklin disse...

Voz que foi a diferença na dor!
Excelente!

Cris Animal disse...

Estou no sítio com uma conexão péssima. Cheguei aqui há quase uma semana e estou entrando no seu blog desta vez, não para comentar o post, mas para dizer que encomendei seu livro SILÊNCIO DE DEUS e que ele chegou na véspera da minha viagem.
O li hoje!
Meu Amigo Querido de mil talentos foi um momento de meditação, respiração, reflexão, prazer e muita alegria.
Pensei que a foto fosse autoria da Sonia, masssssssssss.....rs.....além de tudo um fotógrafo exemplar.
Todos seus poemas são lindos. Sou suspeita para falar de vc e da Sonia, pq amo o que escrevem e da maneira que o fazem.
Como leitora registro meu manifesto para " A VELHICE DO POETA" , " O ARADO DE DEUS" e "TESTAMENTO".
Poderia citar todo seu livro, mas seria chover no molhado. Esses três poemas são inquietantes,lindos , profundos e ao mesmo tempo de uma paz e mansidão imensas.
O que se diz a um poeta quando sua obra é lida e admirada?
Mais que parabéns: ESCREVA SEMPRE!
Sua poesia, assim como da Sonia, é imortal! Não morrerão!

Beijo cheio de carinho pra vc, pra Sonia, pra essas almas lindas que pude encontrar atraves desse mundo virtual.
É uma honra!

Cris Valente

Graça disse...

Bonita homenagem, num belo soneto... gostei muito.

Um beijo meu.

Talita Prates disse...

Bela e merecida homenagem a Mercedes.

Bjo grande, poeta.

Wilson Torres Nanini disse...

com seu justo caminhar de coisas e homens plenos de certeza, nem ouso questionar outras verdades de seu poema. Abraços!

Fernando Campanella disse...

Fiz uma homenagem também a Mercedes, marco de uma geração, eterna em seus versos. Como el musgito em la piedra, graças a la vida, versos que são eternos, adoro essa cantora. Quanto á angústia presente e sempre combatida, eu estava pensando nisso hoje enquanto caminhava. Pensei que fugimos da angústia como se foge da polícia, que ela é um lobo que nos consome, enquanto a natureza lá fora é tão plena em sua quietude. Grande abraço.