Eu acabava de
ser apresentado a Millôr Fernandes, em 1991, como um dos poetas premiados na V
Bienal Nestlé de Literatura Brasileira. Ele me bateu nos ombros, dizendo como
quem consola: “Poeta não precisa ganhar prêmio. Poeta tem que sofrer.”
Pouco depois
estava no Centro de Convenções Rebouças dando o seu depoimento diante de uma
plateia atenta de umas duas mil pessoas. E qual era o tema? Não mais que o
enunciado acima: “O poeta tem que sofrer.”
Era como se
Millôr falasse para mim mesmo. Como se continuasse a conversa mal iniciada.
Ele me
ensinava que os prêmios são um reconhecimento da obra que o poeta faria de
qualquer maneira. Ou quase de qualquer maneira: antes é preciso sofrer.
Não me lembro
de uma palavra desse depoimento, mas tinha aprendido o essencial. Somente se
escreve criticamente.
Millôr se
dizia um escritor sem estilo. Numa de suas últimas entrevistas disse que
escrever é fácil. Basta ter o que dizer.
O humorista ou
o poeta sentem a dor de viver. Depois, escrevem.
Um comentário:
Ele tinha razão sempre.
Beijos
Mirze
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