A GARÇA
A garça marcha
devagar, solene,
na areia à
beira d’água. Atenta, observa:
um peixe
descuidado se aproxima.
De repente
dispara, flecha, o bico
e volta após
fisgado o alimento.
No cristal
d’água a sua imagem dança
nívea, leve,
com graça, ao crepúsculo.
Eu a contemplo
à luz fraca do sol,
à distância,
real, em sua nobreza
de ave e
príncipe. Quem sou? Ela ignora.
Existo à
parte, como observador,
alheio,
inexistente. Sou, não sou.
Um homem não
faz parte da paisagem.
A garça é a
paisagem. Mais que uma árvore,
mais que uma
flor e a imagem que passa, alva,
a garça
permanece na memória.
Um comentário:
O que será que os animais pensam de nós?
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