A TARTARUGA
A tartaruga
vai tão devagar
como se imóvel
fosse – eppur si muove.
Nasce na areia
condenada à morte,
só por um fio
consegue escapar
e, solerte, se
apega tanto à vida
que bem parece
não morrer jamais.
Essa é a
lentidão da tartaruga.
Move-se
devagar porque o horizonte
é sempre mais
além de outro horizonte.
Existir é
memória. Um ovo ao sol
cozinhando na
areia ao som do mar.
A sua casca é
dura como a pedra
e é o seu
próprio corpo, pele e osso.
A tartaruga
pesa como o mundo.
Leva nos
ombros a beleza e a dor,
o êxtase e o
mistério de existir.
(poema do "Livro dos bichos", Prêmio Jorge de Lima 2011, da U. B. E. - RJ)
2 comentários:
LINDO E REAL!
E vive cem anos ou mais. Sempre pensei que se eu fosse tartaruga ficava ali na areia esperneando sem nunca alcançar o mar.
Beijos, J.C.Brandão!
Mirze
Eta, mais um porreta. A tartaruga, o tempo, o peso do mundo e uma estranha calma.
Beijoa
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