OS PATOS, OS MENINOS
Os meninos levaram o pato e a
pata para nadar
No rio Tietê. Fazia sol,
apesar de algumas
Nuvens. Os patos estavam
eufóricos, quase mais
Que os meninos. Que riam,
olhavam para o pato,
Olhavam para a pata, olhavam
um para o outro,
E riam, riam a mais não
poder.
Os patos mergulharam na água
e gritaram,
Gritaram até perder o fôlego.
Como não perderam
O fôlego, anoiteceu e ainda
estavam gritando.
O pato nadava placidamente
nas águas azuis
Como as do mar, a pata nadava
para o lado oposto
E os dois gritavam a alegria
da vida.
Um menino teria seus nove
anos de idade, o outro
Era quase um adolescente. O
mais velho parecia
Mais novo, com seu ar
efeminado e meio chorão.
Foi preciso voltarem no dia
seguinte para buscar
Os patos sumidos no rio
feliz. Mas nem nesse dia
Os patos quiseram voltar.
Aliás, os patos nem sabem
Querer ou não querer: os
patos sabem nadar
E gritar a alegria da vida.
Uma vez o menino mais novo
segurou a pata,
Mas a pata se chacoalhou toda
e saiu voando
E gritando. O menino mais
velho caprichou
Na cara de choro, mas porque
era seu costume
Essa cara delicada e
dolorida. Os meninos sabem
Que, quando os patos quiserem
(sem querer!)
Voltarão para casa, com eles
ou sem eles.
4 comentários:
São os (sa)patos que fazem mesmo, o seu próprio caminho. No ar ou no chão, de volta pra casa, ou não...
Meu abraço.
Sam
Um delírio poético e aquático. Beijo
"os patos nem sabem querer ou não querer", a poeticidade que há nesse verso me impressionou. Li teu poema repetidas vezes. É uma obra-prima.
Espero que eles nunca mais voltem.
Postar um comentário