CONHECIMENTO DAS COISAS
Tenho o conhecimento da terra e do homem.
Os cavalos relincham.
Abro a porteira do dia. As vacas me esperam.
As últimas estrelas respingam no pasto.
O galo acende o sol. As coisas são violentas
em sua placidez.
As pedras respiram. Eu sou selvagem.
O que é a terra? O que são as coisas?
As palavras caem na palha do paiol.
Os coqueiros mugem, a estrada se ergue
com a poeira.
O ribeirão rebenta o açude.
Não quero a paz.
Sou feroz com a terra fora dos eixos.
O que podem dizer as palavras?
As coisas rilham os dentes.
As coisas são íntimas, fêmeas, sensuais.
As coisas não têm salvação.
5 comentários:
Quanta metáfora! Saudade de ler um poema destes. Bem de dentro da terra que há em alguns poetas, e as coisas, bem, elas não têm salvação.
Abraços meu caro Brandão.
Não tem salvação, as coisas?
Creio que não por serem fêmeas, mas devido ao olhar daqueles que já não tem salvação.
Lindo poema. De quem conhece bem a terra.
Beijos
Mirze
O vocabulário e o verbo da terra são imbatíveis.
Bonito poema :)
beijo
JC, gosto de seus poemas. Beijo
Belo poema, Brandão! Me lembra a simplicidade aparente (mas bem aparente, mesmo) dos pensamentos de Alberto Caeiro, meu preferido! abs
Postar um comentário