domingo, 25 de setembro de 2011

O peso das coisas (9 haicais)



Cidade submersa
multiplicada no espelho
das águas que passam.

O peso das coisas
só coisas, pedra ou pó
no caminho.

Os meninos brincam.
O escorpião toma sol
perto da porteira.

A lua se alonga
na beira do poço.
Ouve a sombra na água.

Ouco o violino
modulando a solidão.
Como pesa a vida.

No quarto úmido
a vela bruxuleia
e se apaga.

A flor roxa dança
a sinfonia das abelhas
na harpa do vento.

Sobre a pedra escura
as formiguinhas sucumbem
ao peso das flores.

A garça dança
sobre o espelho d’água
com a sua imagem.



7 comentários:

Luiza França disse...

Coisa linda Brandão. O mundo precisa ser visto por várias óticas, quem sabe assim ele não se torne de fato o retrato de nossa imaginação.

Bjs

Adrian'dos Delima disse...

Gostei muito do primeiro e do último. Posso traduzir ao espanhol e publicar no meu blog? Parabéns por teus excelentes poemas.

Luiza Maciel Nogueira disse...

Adorei Brandão, tomei a liberdade de partilhar no facebook!

Beijos

Unknown disse...

LINDOS, Brandão!

Sem fugir ao peso, todos sem exceção estão verdadeiras jóias.

Beijos

Mirze

Unknown disse...

Gostei bastante desse:

Ouço o violino
modulando a solidão.
Como pesa a vida.


Um abraço

Cynthia Lopes disse...

Preciosidades...
sensibilidades...
delicadezas do espírito.

bjs

BAR DO BARDO disse...

um gosto de quê