O CANÁRIO
O canário de ouro
entre as folhas da árvore
e os meus olhos.
A SOMBRA DAS NUVENS
Somente as nuvens fazem sombra
sobre as pedras e a areia do deserto.
O ESPELHO E O PÓ
O espelho reflete o pó sobre o relógio.
O pêndulo, pesado de sombra, não para.
VIRGÍLIO
Virgílio escreve o poema
do mar, dos deuses e dos homens.
Aos poucos a sua coroa de louros
transforma-se em bronze e ouro.
EVA
Eva recebe da serpente
uma maçã
e a minuciosa arte de amar.
O ESPELHO DE BRONZE
Eu sou aquele que esquece.
Eu sou o esquecimento.
ESCREVO PARA NÃO ESQUECER
A poesia é filha da memória.
As imagens no espelho se iluminam
sob as águas do esquecimento.
A ROCA
O fio segue-se a outro fio
e a meada se completa.
E a roca a fiar, a roca a fiar.
O HIBISCO
O hibisco estende o pecíolo
à frente de suas largas pétalas.
Ofertório à beleza vermelha.
9 comentários:
'...e a roca a fiar, a fiar', uma perfeita síntese do trabalho da memória, do artifício do poeta, Brandão, tanto esse poema da roca, como os outros dessa postagem.
Grande abraço.
AH! JOSÉ CARLOS BRANDÃO!
Cada verso um suspiro. Todos com uma beleza própria.
Deus ainda continua por essas estâncias!
Beijos
Mirze
Sim, o céu e o deserto são dois caminhos livres para as nuvens.
Abraço.
Caramba, quanto planejamento bem produzido, bem bolado.. Demais!
Abrçs José
Brandão, querido,
Ser aquele que esquece, que dignidade!
Bjs
alimentei meu espírito...
que belo banquete!
beijo, poeta.
Muito Bom!!!!!
Apesar de eu não concordar com a história da maçã da EVA, mas literatura não precisa (Nem deve) conter realidade !!!!
Eu sou aquele que esquece...Eu sou o esquecimento.
E o poeta pega nas palavras e transporta-as para a nossa memória porque a poesia é sua filha.
Belissimo!
Beijo.
Graça
Olá, José Carlos, gostei de todos, mas sempre um cala mais fundo:
'Eva recebe da serpente
uma maçã
e a minuciosa arte de amar.'
Agora... não me pergunte por que escolhi este!
Beijos, amigo, estava com saudades de passar por aqui, mas já são tantos blogs...
Tais Luso
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