Um socó desafia uma garça, abaixo da Ponte Velha, de Barra Bonita,
apontando para a estrada de Igaraçu do Tietê, de 1 km. que eu garbosamente
percorri muitas vezes brincando, quando criança.
A MESA DOS MORTOS
Os mortos acordam, sentam-se à mesa comigo.
Têm pedras nas mãos e pássaros sobre os ombros.
É perigoso que as pedras matem os pássaros.
As palavras são pesadas como pedras.
Às vezes é preciso que as palavras matem os pássaros.
A minha mãe e o meu pai contam histórias.
Têm terra na boca e contam histórias.
As suas palavras são como a água no meio do mato.
Nas suas palavras, a alma de todos os que vieram antes.
O meu avô corta lenha com um machado negro.
O machado do meu avô corta a lenha da memória.
Se é verde, fica a secar ao sol.
É preciso apagar a memória das árvores.
Tanta água represada.
Deus preside a conferência dos mortos.
Deus guia a minha mão.
Não escreve por mim: muitas vezes apaga o que escrevo.
Deus me ensina: as palavras morrem.
As palavras precisam apagar o que existe.
É preciso deixar lugar para o eterno.
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10 comentários:
O poema não é ruim. Talvez ele tenha se desencontrado um pouco nas entrelinhas, mas não se pode chamar ruim uma coisa que toca e mexe com a alma...
Concordo com o jota.
LINDO POEMA!
Imaginar a "fala" dos mortos, as pedras e os pássaros a lenha verde como verde era o lenho. E Deus presidindo a conferência.
Gostaria de estar aí. Eu li seu recado, mas dá para perceber a intimidade entre vocês.
Se a idéia é bonita, o poema é bom!
Beijos, poeta!
Mais uma vez, PARABÉNS pelo NÌVER!
Mirze
O poema não é ruim, José Carlos - é sensível, fala e perturba quem o lê, no bom sentido da poesia de qualidade. Talvez alguma mudança na forma pudesse ser feita, mas isso não é o essencial.
Beijo pra você.
A vida dos criativos
não é fácil
a idéia é muito bela e o poema tem seu encanto e sua sabedoria sim poeta! é preciso deixar o verso ser :)
beijos
2007 foi um ano estranho para a poesia.
Gosto muito quanto o amigo nos mostra a morte como um monge franciscano. Esta é uma legítima natureza morta.
Não estamos na lista dos poetas mortos, Deus nos brinda com a poética do Brandão!Bjs
Realço o aspecto visual que é fantástico.
Um beijo
Muito bom.
Namastê!
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