sexta-feira, 28 de outubro de 2011

POEMA MELANCÓLICO






























                                       POEMA MELANCÓLICO


Os telhados estão melancólicos, debruçados na beirada
das montanhas. As cigarras,
sonhando
um mundo livre de sanhaços,

quebram
as vidraças. O melro gostaria
de tocar
piano,
as teclas pretas e brancas convidam. Não é tempo das lágrimas

do arco-íris. É o tempo
dos girassóis,
das abelhas zumbidoras,
dos carrapatos
e das urtigas. Um soldado ergue um fuzil, aponta e atira. Uma pomba

cai morta.
Uma criança
cai morta.
As armas foram feitas para matar. E matam, sem piedade. Cumprem

sua função.
Um caranguejo anda de lado, medindo o terreno com suas
grandes pinças. O caranguejo
é triste. É triste
como uma caranguejola.

               J. C. Brandão


5 comentários:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido Poeta

Nostálgico, mas verdadeira a essência do seu poema.

Um beijinho
Sonhadora

Luiza Maciel Nogueira disse...

Concordo, os carangueijos cheios de armas devem ser tristes. Poema maravilhoso esse, beijo.

Bazófias e Discrepâncias de um certo diverso disse...

Muito bonito! "Os Telhados estão melancólicos, debruçados na beirada das montanhas" abraços

Unknown disse...

Que lindo poema, Brandão!

Precisamos de um exército para proibir que uma arma abata uma ave.
Deveria ser crime. E é.

Lindo e realmente melancólico!

Beijos

Mirze

Bípede Falante disse...

Telhados de água e dor, telhados de infância e desejos. Telhados sem as paredes carregando poesias.
beijoss