O MORTO ENTERRADO NO FUNDO DO
QUINTAL
Ninguém canta para o morto enterrado no fundo do quintal.
Ningém canta para os insepultos
mortos ou
vivos. E todos pedem esmola,
a moeda
para os olhos demasiadamente abertos.
Os olhos vazios
como casas em ruínas. A hera cresce pelas paredes, as raízes
engordam
as paredes. É um ambiente de paz
e desolação. As mãos
pendem
pesadas. Os pés estão fincados no solo, com musgo
no calcanhar.
O que faremos da vida? O que faremos da morte? Perguntamos
e nos afastamos envergonhados.
Nada resta nos bolsos para trocar,
para tocar
com os dedos ensanguentados. Abandonamos a nossa imagem
no fogo
que tudo consome. Uma gaivota, o clarão
de uma gaivota e o cachorro ganindo solitário como um barco
de borco
sob a lua.
5 comentários:
...impossibilitados pela corrupção as pessoas sangram sem ofertar nada é esse o vazio que tange e que mata os sonhos.
Bjs poeta!
Todos trazemos dentro um quintal e muitos mortos nele enterrados.
Conviver com eles é uma árdua tarefa agônica.
Forte abraço!
Belo poema, forte e triste.
Beijo
Olá José Carlos! Tudo bem? Adorei o teu blog e teus escritos. Idéias claras e objetivas! Parabéns! Já estou te seguindo!
Sou músico e escritor. Reuni meus videos, crônicas e músicas aqui no www.diegoschaun.com.br
Quando puder, dê uma passada. Abraços!
Boa semana,
Diego
Realmente, temos nossos mortos enterrados no quintal, e tem a moeda (de troca) que significa a necessidade de sobreviver, e enterrar... Gostei muito, Brandão! Abraços
Postar um comentário