SANGUE E MEMÓRIA
Sou um jorro de sonhos na paisagem
onde canta um pássaro louco. Ó grifo
sepulto e vivo em mim, por onde me levas?
Sou um lobo de fogo num poço de febre.
Um cavalo cego no lodo agoniza. Ó verbo
de Deus e do Demônio e meu. O caos
é nosso domicílio. E nós queríamos
o belo e o horror. A luz selvagem
dos espelhos. E a nossa água devassa
o pânico das conchas. Purifica o nojo
a nossa lava, mas não salva a flor.
Noite terrível, ó grandioso amor.
Acolhe-me em teu seio! Lua sangrenta
sobre o abismo... Eia, sus! Eu sou o abismo.
J. C. Brandão
2 comentários:
Maravilha de poema, embora forte, mas senti-o vivo.
Beijos, poeta!
Mirze
Forte, cru, mas com a insígnia da grande poesia. Parabéns, meu caro amigo.
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