EMILY DICKINSON
A bruma flutua.
Emily Dickinson passeia
à beira do rio, ao cair da tarde,
entre as árvores e os morros.
Quase anda sobre as águas,
ao pôr do sol, ao pôr da vida
no espelho d’água.
As pedras polidas no fundo.
Existir é líquido,
murmura Emily Dickinson
em delírio e lúcido
conluio com as coisas.
Ouve o cão na outra margem,
o eco do latido, que vai e volta.
Morrer é pouco para este momento,
as águas refletem, as pedras rolam.
José Carlos Brandão
3 comentários:
JC, embora não esteja comentando, tenho acompanhado sua fase tão deliciosamente criativa. Quanta inspiração! Parabéns pelo conjunto da obra. Cada vez melhor! Beijo
José Carlos!
Há momentos assim tão únicos que sabemos impossíveis de repetir.
Morrer é pouco.
EXTASIANTE!
Beijos
Mirze
Belíssima homenagem à Emily, Brandão. Fico aqui pensando no peso, na dor de uma poeta tão reclusa, isolada dos rituais da sociedade de sua época , do tempo, mas 'existindo liquidamente', caminhando sobre as águas do tempo, em 'conluio com as coisas'. Mistérios da beleza, da poesia. Forte abraço.
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