sábado, 27 de agosto de 2011

SANGUE E MEMÓRIA



























SANGUE E MEMÓRIA


Sou um jorro de sonhos na paisagem
onde canta um pássaro louco. Ó grifo
sepulto e vivo em mim, por onde me levas?
Sou um lobo de fogo num poço de febre.

Um cavalo cego no lodo agoniza. Ó verbo
de Deus e do Demônio e meu. O caos
é nosso domicílio. E nós queríamos
o belo e o horror. A luz selvagem

dos espelhos. E a nossa água devassa
o pânico das conchas. Purifica o nojo
a nossa lava, mas não salva a flor.

Noite terrível, ó grandioso amor.
Acolhe-me em teu seio! Lua sangrenta
sobre o abismo... Eia, sus! Eu sou o abismo.

                                J. C. Brandão





2 comentários:

Unknown disse...

Maravilha de poema, embora forte, mas senti-o vivo.

Beijos, poeta!

Mirze

Fernando Campanella disse...

Forte, cru, mas com a insígnia da grande poesia. Parabéns, meu caro amigo.