A PEDRA DO ABISMO
O sal das lágrimas no caminho.
O mar estava próximo, com a noite em seu bojo.
A rosa desfolhada, as pétalas sangravam
entre as pedras.
Os pés sangravam.
Dói construir a cor da aurora.
O tempo vai e vem
como as ondas,
como um pêndulo.
A brasa do medo acesa no vazio
dos olhos.
Uma faca contra
o grito,
a que nem o eco responde.
O pássaro do silêncio cai morto no fundo do poço.
A lua dos mortos acena do alto.
É o vale do esqueleto,
o cemitério dos ratos brancos.
Caminho sobre o restolho
apodrecido.
Os meus pés afundam no barro ancestral.
Já nenhum resíduo
de herança:
marfim,
argola de ferro,
a ferrugem
e a pátina cinza.
O corpo de ninguém no recife das estrelas.
Uma pedra no meio do abismo do universo.
3 comentários:
Ou um universo com gosto de pedra.
LINDO!
"Dói construir a aurora", deve doer, como deve doer o nascimento de qualquer ser.
Genial!
Beijos
Mirze
Meu querido Poeta
Como sempre sublime...a palavra escorre dos seus dedos numa sintonia perfeita.
Deixo um beijinho
Sonhadora
Postar um comentário