sábado, 20 de agosto de 2011

EMILY DICKINSON






EMILY DICKINSON

A bruma flutua.
Emily Dickinson passeia
à beira do rio, ao cair da tarde,
entre as árvores e os morros.

Quase anda sobre as águas,
ao pôr do sol, ao pôr da vida
no espelho d’água.
As pedras polidas no fundo.

Existir é líquido,
murmura Emily Dickinson
em delírio e lúcido
conluio com as coisas.

Ouve o cão na outra margem,
o eco do latido, que vai e volta.
Morrer é pouco para este momento,
as águas refletem, as pedras rolam.

             José Carlos Brandão



3 comentários:

Adriana Godoy disse...

JC, embora não esteja comentando, tenho acompanhado sua fase tão deliciosamente criativa. Quanta inspiração! Parabéns pelo conjunto da obra. Cada vez melhor! Beijo

Unknown disse...

José Carlos!

Há momentos assim tão únicos que sabemos impossíveis de repetir.
Morrer é pouco.

EXTASIANTE!

Beijos

Mirze

Fernando Campanella disse...

Belíssima homenagem à Emily, Brandão. Fico aqui pensando no peso, na dor de uma poeta tão reclusa, isolada dos rituais da sociedade de sua época , do tempo, mas 'existindo liquidamente', caminhando sobre as águas do tempo, em 'conluio com as coisas'. Mistérios da beleza, da poesia. Forte abraço.